“32. Esse é o número de caras que passaram pela minha vida e eu senti algo por eles, variando entre apenas tesão e amor de chorar uma semana inteira. A maioria eu nem sequer beijei, a maioria nem sequer sonha que eu os amava tanto assim. E sabe o que é pior? Eu sempre acreditava que quando chegasse no cara de número 32, ele se apaixonaria por mim só porque esse é o meu número da sorte. E ele não se apaixonou, na verdade, ele disse pra mim que achava a minha melhor amiga muito bonita e adoraria saber se tinha alguma chance com ela. Confesso que eu esperava o príncipe encantado, mas que menina não espera? Tudo bem que eu não sou mais uma menininha que dorme ouvindo a mãe ler Rapunzel, mas eu sempre dormi acreditando que um dia uma pessoa iria aparecer e iria me amar de uma forma tão intensa como eu sempre mereci, ou pelo menos acreditava merecer. E teve aquele Carlos que me perguntou se apenas um beijo já não seria o bastante pra matar a minha “vontade adolescente passageira” dele. E o Ricardo que me achava linda mas que enfiou a língua na garganta da minha amiga. O Mauro que nunca soube sequer o meu nome, mas que eu vivia sonhando com aquela boquinha carnuda dele. O Jorge que me dispensou porque não queria nada sério e um mês depois apareceu namorando com a minha “coleguinha” de classe. O Pedro que disse que adorava meus peitos mas que não era capaz de subir a boca mais um pouquinho e me beijar na boca. E teve você, você que parecia diferente, mas que no fundo era pior que todos esses outros que eu falei, e sabe por que? Porque você me fez acreditar que era diferente e que nunca me magoaria igual os outros. Que, sei lá, você não iria embora. E sabe, eu acreditei, porque por mais que eu tenha sido fodida por esses inúmeros caras imbecis, eu tinha a esperança de achar o meu príncipe encantado (e não ligo pro quanto isso soa ridículo). Você é pior do que eles porque você atendia meus telefonemas e correspondia meus sorrisos. Porque você me fez acreditar que sentia o mesmo que eu sinto. Que nunca ia chegar aquela hora que eu olho pra você com os olhos vermelhos de tanto chorar e você apenas acena um tchau dizendo o quanto foi bom me conhecer. Mas pior do que isso, tu foi embora sem esse tchau, sem esse ‘foi bom te conhecer’. Pior que todos, você foi embora quando finalmente me convenceu de que nunca iria. E eu chorei, não por você, mas por todos os outros 32 caras que se foram também, porque eu sempre achei que eu seria uma boa garota pra eles, mas me contentei em ser uma boa garota pra você. A boa garota que você deixou pra lá só porque as coisas não estavam indo do jeito que você queria; só porque eu não conseguia te amar sem te odiar ao mesmo tempo, e ficar gritando pra você o tempo inteiro o grande idiota que você era, aí você gritava de volta “seu idiota, seu”. Como eu disse, pior que todos os outros, porque nenhum me disse que era meu, muitos, na verdade, queriam ser das minhas amigas. Você foi tipo o Giovane, este vivia dizendo que gostava de mim, que eu era incrível, linda demais, mas que na primeira oportunidade se mudou de estado e me mandou um cartão postal com a foto de uma praia que eu nem me importei em saber qual era o nome. Você não mudou de estado, mas sinceramente, te sinto como se estivesse em outro país. E como todos os outros caras, você não se importou com a porra dos meus sentimentos. Não quis saber como eu me sentiria assim que percebesse que você não voltaria pra jantar. Eu mereço uma merda de explicação, mereço sei lá, uma ligação, uma mensagem, om email, qualquer coisa, porque você era meu príncipe, você não é o cara de número 32, mas é o 33, e agora 33 é meu novo número da sorte, então a gente tem que ter um final feliz, ou pelo menos um final digno, a gente merece mais que isso, não acha? Merecemos um final aonde eu possa chorar e te acusar de ter sido um idiota, e você apenas se calar porque não pode mais dizer “seu idiota, seu”. Mas talvez eu não mereça nada disso, talvez eu esteja esperando demais da minha vida. Afinal, é a minha vida, não é? Em qual parte dela eu fui feliz? Em qual parte dela eu tive o que quis? Talvez eu simplesmente não mereça um final feliz. Talvez eu não mereça um príncipe. Porque eu não sou uma princesa, e não mereço um conto de fadas.”

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